Notas de Euro; Valor Real, ou Comprovativo de Dívida?

O verdadeiro valor das notas de Euro…

Uma noticia que demonstra de forma indirecta a verdadeira natureza da moeda que utilizamos está a circular a internet. Um artista Irlandês, Frank Buckley, construiu uma casa com notas ‘descomissionadas’, o que quer dizer, notas que foram retiradas de circulação e que portanto foram destruídas. Mas ao verificar esta história que conta a aventura de um artista Irlandês que perdeu a casa graças à crise e que decidiu construir uma casa com ‘tijolos’ feitos de notas rasgadas, podem-se apurar factos sobre o Euro que para muitos ainda são completamente desconhecidos.

Frank Buckley e os ‘tijolos’ feitos de notas rasgadas

A intenção do artista foi de denunciar as falhas do sistema de empréstimos que precipitou a crise financeira de 2008. Ele disse, “As pessoas estavam a injectar mil milhões em casas que agora não valem nada”, adicionando que “queria criar algo a partir do nada”. Mas o mais interessante desta história não é o seu factor simbólico, mas sim os factos que podemos apurar sobre o próprio sistema monetário dentro do qual estamos inseridos. Ora, a maioria das pessoas ainda acredita que as notas de Euro são inerentemente valiosas, facto o qual é exemplificado através de afirmações como as que defendem que os problemas económicos são fruto de “não haver dinheiro suficiente”. Longe disso. As notas de Euro estão inseridas dentro um fluxo, ou seja, um ciclo com principio, meio e fim; no principio, são emitidas pela Banco Central Europeu (através das suas sucursais nacionais), e são posteriormente emprestadas a outros bancos privados com taxas de juro baixas, sendo depois emprestadas e injectadas na economia real a taxas de juro mais elevadas. Durante este período as notas são utilizadas pelo ‘publico’ para facilitar transacções económicas, período que corresponde ao seu ciclo intermédio. Estes factos, uma grande parte da população já sabe.

Todas as notas de Euro têm uma referência (a função da qual a maioria da população desconhece)

O que a maioria não sabe é que estas mesmas notas têm um final de vida, ou melhor, que estas chegam ao fim do seu ciclo. Quando voltam às mãos do BCE, ou as suas agências nacionais (no caso de Portugal, o Banco de Portugal), estas mesmas são rasgadas, mas somente depois da sua referência única ter sido tomada em conta, pois esta referência demonstra qual a dívida que está a ser paga no acto da destruição da mesma. Isto por sua vez leva à conclusão que as notas de Euro não representam um valor real; elas não são nada mais nada menos do que um comprovativo de uma dívida.Só através de exemplos como este, do artista Irlandês, ou através da história sobre o que acontece às notas danificadas é que podemos estabelecer certos factos sobre este processo, como exemplifica esta reportagem da SIC, que admite que o processo de destruição das notas não pode ser filmado ‘por razões de segurança’.

O exterior da casa construida com notas de Euro de Frank Buckley

A entidade que destrói as notas de Euros em Portugal é o Bando de Portugal, mas este processo é feito em segredo; mostrar as imagens de Euros a serem queimadas seria, em primeiro lugar, visto como um sacrilégio pela multidão que passa a sua vida a tentar angariar o que pensam ser valor real. Mas em segundo, e esta é a verdadeira razão pela qual o público não pode testemunhar o processo de ‘descomissionamento’, é que se o vissem, começariam a questionar a verdadeira natureza da moeda que utilizam. O processo através do qual o Banco de Portugal rasga notas, ou seja, o momento em que declara que uma certa dívida foi paga, não são para os olhos dos profanos que nada sabem sobre o sistema monetário moderno. Se soubessem, mais rapidamente se aperceberiam da natureza fraudulenta da ‘dívida pública’, e mesmo da ‘crise da dívida soberana’, que nada mais é do que um processo através do qual instrumentos financeiros são utilizados para afectar a dinâmica da detenção de propriedade privada e do valor real (terra, casas, apartamentos, ouro, prata, produtos de consumo, etc…) através da utilização de valor fictício (notas, moedas). Esta dinamica tem, claro, sempre beneficiado a aristocracia e os chefes de industria, mas acima de tudo, beneficia inevitavelmente quem tem o poder de emitir a moeda, e que decide o valor da mesma através da inflação e deflação.

João Silva Jordão

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6 respostas

  1. Hmm… o valor do dinheiro em circulação é definido pelo ECB. A partir daí as notas vão sendo substituídas – as velhas são destruídas para dar lugar a novas. Queria andar com notas velhas, sujas e sebosas (e resíduos de cocaína, até), como os ingleses – ou os antigos escudos? Eu prefiro ter sempre notas novas quando levanto dinheiro, até nos correios. E claro que cada nota tem um número de série – se não tivesse o Alves dos Reis nunca tinha sido apanhado!

  2. O dinheiro é uma invenção, uma ficção tão forte que parece real, mas não é trata-se de um esquema que permite aos governos controlarem as trocas de bens e aos financeiros apoderarem-se do trabalho dos apoderarem-se do trabalho das populações. O problem é que o dinheiro, para já , não tem alternativa.

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